Além dos semicondutores, ‘comida’ vem uma nova Guerra Fria… China e EUA cortarão importações de grãos: Seoul Economic Daily

Uma crise alimentar renovada 1
Milho dos EUA como participação nas importações chinesas no primeiro trimestre deste ano
72% → 37,8% caíram pela metade há um ano
Importações de milho ‘amigável’ do Brasil aumentam
As importações de soja caíram após a guerra comercial EUA-China em 2018
Destina-se ao comércio de alimentos de base amigável e auto-suficiência
Tensões no mercado internacional devido a cortes nas importações dos ‘maiores consumidores de alimentos’

O presidente chinês Xi Jinping (à esquerda) visita um local de produção de grãos na província de Jilin para inspecionar a colheita. Notícias do Shinhwa Yonhap

O movimento de dissociação entre os EUA e a China está emergindo rapidamente não apenas no setor de alta tecnologia, mas também no setor de alimentos. Alguns analistas dizem que o novo sistema da Guerra Fria está se estendendo ao setor de alimentos, já que a China recentemente reduziu seriamente sua dependência dos produtos agrícolas dos EUA. Com foco na segurança alimentar após a guerra na Ucrânia, o Partido Comunista Chinês acelerou a diversificação de sua cadeia de abastecimento de grãos, concentrando-se em seus aliados, como Brasil e África do Sul. Há também a preocupação de que, se a China, o maior consumidor e produtor mundial de alimentos, acelerar os esforços para fortalecer a segurança alimentar, todo o mercado internacional de alimentos poderá ser abalado.

◇ O maior fornecedor de milho da China é o Brasil
No primeiro trimestre deste ano, o Brasil ultrapassou a Ucrânia e se tornou o segundo maior importador de milho, segundo dados da Administração Geral de Alfândega da China. Das 7,52 milhões de toneladas de milho importadas pela China, cerca de 2,16 milhões de toneladas (28,8%) vieram do Brasil. Já os EUA mantêm a primeira posição com 37,8%, mas em relação ao ano passado (72%), o índice caiu significativamente.
Até a safra 2020-2021, os Estados Unidos e a Ucrânia eram o primeiro e o segundo maiores países, fornecendo 70% e 26% do milho comprado pela China, respectivamente. Por outro lado, o Brasil não consegue obter a aprovação de vendas há quase nove anos devido a problemas de qualidade das autoridades chinesas. No entanto, em maio do ano passado, os dois governos concordaram em questões como preparação para pragas e doenças e exames de saúde, e o comércio foi retomado, e o Brasil logo se tornou um importante parceiro comercial. A esse respeito, o Economic Journal da China publicou recentemente uma crítica favorável, dizendo: “Através da diplomacia de grãos, a China pode expandir o círculo de amizade (com o Brasil) e aumentar sua capacidade de responder à cadeia global de abastecimento de alimentos”.
A rápida reestruturação da estrutura de importação de milho da China é resultado de mudanças geopolíticas, como a guerra na Ucrânia e a intensificação da rivalidade estratégica entre os Estados Unidos e a China. O PCC freqüentemente enfatizava a segurança alimentar enquanto os preços globais dos grãos flutuavam e as relações EUA-China se deterioravam após o início da guerra. No final do ano passado, o presidente Xi Jinping reiterou a importância de alcançar a autossuficiência na produção, dizendo: “Devemos confiar em nossa própria força para sustentar nossa tigela de arroz”. O plano da China é se tornar ‘autossuficiente em alimentos’ no longo prazo, mas até lá reduzirá sua dependência de alimentos ocidentais e reorganizará suas rotas de importação em torno de aliados. A mídia estrangeira analisou que, mesmo na época do acordo com o Brasil, os conflitos econômicos e de segurança com os Estados Unidos se agravavam, inclusive com a intenção de prejudicar a agricultura americana.

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◇ Expansão da diplomacia de grãos na África e América Latina… Água fria no comércio agrícola EUA-China

Mesmo recentemente, a ‘diplomacia de grãos’ da China parece estar alinhada com a brecha comercial com os EUA. O primeiro carregamento de 53.000 toneladas de milho para ração da África do Sul, aliada de longa data, chegou à China no dia 4 deste mês. A COFCO, que liderou o acordo, divulgou um comunicado dizendo que havia assinado contratos de fornecimento de longo prazo com 43 produtores de milho na África do Sul.

A China abriu o comércio de milho com a África do Sul, citando-o como “reforço da segurança alimentar”, mas imediatamente chamou a atenção antes de cancelar os pedidos de milho dos EUA. Isso mostra que há interesses políticos subjacentes à política de diversificação dos canais de importação. Os importadores chineses cancelaram pedidos de 562 mil toneladas de milho dos EUA na última semana do mês passado, segundo relatório divulgado pelo Departamento de Agricultura dos EUA no último dia 4. Depois disso, o Departamento de Agricultura informou que as vendas semanais de exportação de milho estavam em seu nível mais baixo desde 1999. Em resposta, o South China Morning Post (SCMP) de Hong Kong disse: “A China está tentando diversificar seu fornecimento de milho para muitos países do hemisfério sul”.

◇ Após a guerra comercial de 2018… quero ficar ‘longe’ da ascensão dos EUA
A soja (feijão), particularmente dependente de importações externas, é uma commodity cuja cadeia produtiva já foi reestruturada, com foco nos países aliados antes do milho. A China importa 80% da soja do Brasil e dos Estados Unidos, que é utilizada como ração para suínos e matéria-prima para óleo de cozinha e está diretamente ligada ao índice de preços. Atualmente, o Brasil é o maior fornecedor de soja, mas até o início da guerra comercial EUA-China em 2018, sua participação era igual à dos Estados Unidos. Nesse período, China e Estados Unidos bombardearam-se sucessivamente com tarifas retaliatórias, o que reduziu significativamente a competitividade dos produtos agrícolas norte-americanos, e a soja do Brasil surgiu como fonte alternativa de abastecimento. Como resultado, o Brasil respondeu por mais de 80% de todas as importações de soja da China em 2018, e a maré mudou. O SCMP também classificou a soja como “uma das commodities mais diretamente afetadas pelo conflito EUA-China”. A análise dominante é que o milho continuará reduzindo sua dependência dos produtos americanos e se tornará uma ‘segunda soja’. O professor Fengtian Zheng, da Academia de Agricultura e Desenvolvimento Rural da Universidade Renmin da China, disse: “Dada a forte influência atual dos Estados Unidos, a comida pode se tornar a segunda preocupação mais importante da China depois dos chips (de computador)”, disse ele.

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◇ Reduzir importações e exportações de grãos·Expansão da Taxa de Autossuficiência… Aviso de Mudança no Mercado Global de Grãos

A China está desenhando mais um plano para proteger totalmente seu ‘cinturão alimentar’ de crises geopolíticas. Isso ocorre porque há preocupações crescentes de que o Ocidente possa impor sanções a alimentos e semicondutores. De acordo com o ‘China Agricultural Outlook Report (2021-2032)’ divulgado pelo Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China no mês passado, a China planeja aumentar a produção de grãos (arroz, trigo, milho, feijão, etc.) dos atuais 82. % para 88,4% em 10 anos. Uma meta foi estabelecida para reduzir as importações totais de 146,9 milhões de toneladas no ano passado para 122 milhões de toneladas este ano. Em particular, espera-se que se concentre em milho e soja, que são altamente dependentes de importações. Em particular, a China anunciou que aumentará sua taxa de autossuficiência em soja de menos de 20% atualmente para 30% até 2032, a uma taxa média anual de 7% nos próximos 10 anos. Também anunciou um plano de ação de três anos para reduzir a proporção de soja na alimentação animal para menos de 13% até 2025 para reduzir as importações. Espera-se que o milho atinja uma taxa de autossuficiência de 96,6% até 2032. Além disso, foi estabelecida uma meta de aumentar as exportações de arroz em mais de 24% em 10 anos.

Preocupações estão sendo levantadas de que tal plano de segurança alimentar não afetaria apenas os parceiros comerciais, mas também movimentaria o mercado global de grãos como um todo. De acordo com um relatório recente do Rabobank da Holanda, a China agora responde por 60% do comércio global de soja, portanto, um declínio gradual nas importações de soja teria um grande impacto nas cadeias de suprimentos globais. O SCMP também avaliou: “O programa de diversificação proposto pela China envia um aviso de que afetará os exportadores de arroz na Tailândia e no Vietnã, bem como os produtores de milho e soja nos Estados Unidos nos próximos 10 anos”.

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