Eles dizem que são sérios
Em 2010 a Câmara de Cascais e uma empresa do ramo imobiliário assinaram um contrato de promessa compra e venda (CPCV) para um lote de terreno com 823,31 m2 localizado na Parede, propriedade do município, pelo valor de 312.700,00€. Volvidos 10 anos, só agora se vai efectivar o contrato de venda.
Partindo do princípio que o preço então fixado era o correcto face aos valores praticados no mercado, que a não finalização do contrato de venda ficou a dever-se a razões do exclusivo interesse do comprador, não era agora curial que a Câmara o condicionasse de novo às regras e condições do mercado, que entretanto multiplicaram em várias vezes o valor inicial do terreno?
Se o fizesse, o lote que hoje se vende com o preço de há dez anos por 312.700,00€ renderia à Câmara 1.646.000,00€.
Renderia, digo eu, no pressuposto de que na preocupação do autarca estivesse só, como devia estar, a defesa do interesse dos munícipes, que somos nós.
Posto isto, convém dizer que quem propôs e fez aprovar na Câmara o CPCV que deixou aberta a possibilidade do negócio só se concluir quando conviesse ao comprador, foi o então responsável do Pelouro Municipal de Gestão Financeira e Patrimonial e Vice-presidente, o Dr. Carlos Carreiras, hoje Presidente, que de novo subscreveu a proposta que na passada terça-feira, 10 de Março de 2020, foi aprovada em reunião do executivo municipal com os votos do PSD e do CDS.
E mais convém informar que a empresa beneficiada com o negócio a preços retardados é a mesma que há dois meses foi também bafejada com o perdão duma compensação ao município, que se traduzia na entrega duma parcela de terreno com 11.914,69 m2 frente ao mar, na Parede, onde os mesmos aprovaram a construção dum hotel, parcela de terreno perdoada que a preços actuais só vale a ‘módica’ quantia de 23.829.380,00€.
Dizia-se em Roma que à mulher de César não basta ser séria, é preciso que o pareça. Estes são insuspeitos de não serem.