A betonização de Cascais em detrimento do ambiente
Assistimos nos últimos anos a um aumento desmesurado de betonização de Cascais por todo o lado, construção e mais construção. Um dos mais recentes empreendimento de luxo o Bayview, que contempla também o novo Hipermercado Jumbo é a imagem clara do poder que os lóbis da construção detêm em Cascais, mas não ficamos por aqui, muitos mais há para enumerar.
A Nova SBE – School Of Buisiness And Economics da UNL, a construção nos antigos terrenos onde estava implementado o Hotel Nau, o sufoco de betão imposto aos moradores da Quinta Do Barão, com as construções nos terrenos da antiga fábrica da Legrand em Carcavelos e o consequente aumento do trânsito no bairro. O Plano de Reestruturação Urbanística de Carcavelos Sul (PPERUCS) / LOTEAMENTO DA QUINTA DOS INGLESES, mega construção quase em cima da Praia de Carcavelos. Na Costa da Guia a destruição de um pulmão verde e a construção de um enorme edifício de betão, no local do antigo Hotel Paris/Sana Estoril a construção de um edifício que por pouco não ocupa a Estrada Marginal, tal é a desproporção da volumetria em relação ao hotel que foi demolido e muitos exemplos mais poderia dar.
Não posso esquecer os projectos do aumento da construção na Marina de Cascais, falando-se já na construção de um hotel de apreciável volumetria.
Muitos destes empreendimentos destruíram espaços verdes, outros impedem a construção de espaços de veraneio que poderiam servir para aumentar e melhorar os espaços verdes de lazer e o bem-estar dos muitos Cascalenses.
O ambiente, e o bem-estar das populações foi relegado para segundo plano.
Na Costa da Guia, a construção do edifício da Associação Chabad Portugal, destruiu um enorme e excelente espaço verde, motivando revolta nos moradores da área envolvente que tentaram opor-se. No entanto, o Presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, ignorou a vontade das populações e autorizou a destruição de muitas árvores, o que revoltou muitos moradores da Costa da Guia e de toda a área envolvente.
A contestação ao PPERUCS mantém-se, é um atentado ambiental em perfeito conluio entre a Câmara de Cascais e promotores imobiliários privados, o Presidente da Câmara ignorou completamente a enorme contestação que se gerou, ignorou o interesse publico, o bem-estar das populações e a salubridade ambiental.
As constantes derrocadas das arribas entre S. Pedro do Estoril e a Praia da Parede, têm vindo a manter-se ao longo de anos, principalmente na Área Marinha Protegida das Avencas (AMPA), e na Praia da Bafureira, que se encontra “interdita” vai para dois anos e a Câmara nada faz.
A falta de vigilância na AMPA tem permitido que indivíduos munidos de espingardas de caça submarina e sem qualquer tipo de sinalização invadam partes da Área Protegida caçando/pescando peixe, moluscos e mariscos.
As ribeiras que carecem de apurada limpeza e onde ainda são despejados esgotos que vão desaguar nas praias ou perto delas, como é exemplo, a Ribeira da Praia dos Pescadores e por sua vez a Ribeira de Sassoeiros que desagua no meio da praia de Carcavelos.
O Paredão entre Cascais e a Praia da Azarujinha carece de arranjos, principalmente no pavimento e acessos, mas também de limpeza na sua generalidade.
Toda a orla costeira de Cascais carece de limpeza, quando falo da orla costeira não estou a falar só das praias, estou a falar de toda a orla costeira, locais onde se pratica pesca lúdica, miradouros e outros locais turísticos da costa de Cascais. De referir a deficiente limpeza das praias pois como muitos cascalenses vêm denunciando nas redes sociais, a limpeza é superficial o que se pode constatar se escavarmos a areia alguns centímetros, rapidamente se verifica a existência de beatas de tabaco, pequenos pedaços de plástico, cotonetes, etc.
No Guincho é hoje frequente os autocarros de turistas, quer nacionais quer estrangeiros, pararem entre a Praia da Crismina e os pesqueiros denominados Moniz, Margarida e Ponta Alta deixando para traz o lixo, nomeadamente garrafas de plástico, lenços de papel, embalagens de comida e outros.
As arribas entre o Farol do Cabo Raso e a Praia da Crismina deveriam ser locais interditos à circulação automóvel, tal não acontece e assistimos não só à destruição evidente da flora e das arribas no seu todo, como à proliferação de lixo que só é recolhido devido à boa vontade de alguns cidadãos em efectuarem esse trabalho.
As informações turísticas relativas a percursos pedestres, fauna e flora existente e normas ambientais que foram colocadas ao longo da costa, estão na sua maioria degradadas ou destruídas, deixando de cumprir a sua função servindo agora para grafitar.
Muitos mais exemplos poderiam ser elencados, quer na orla costeira quer no interior do Concelho. Facilmente se conclui que o ambiente está a ser relegado para segundo plano e o betão, os grandes negócios imobiliários avançam “de vento em popa”. É essa a vontade que quem governa em Cascais, assistimos por isso à betonização de Cascais em detrimento do ambiente.