Chega quando chega, parte quando parte

 

Passado um mês da entrada em vigor do novo modelo tarifário no transporte rodoviário no Concelho de Cascais pode-se concluir que: o serviço prestado piorou devido à conjugação da forma como a Câmara Municipal montou esta nova operação e pelos métodos de trabalho e organização da gerência da SCOTTURB que não foram alterados.

É notório que houve muita pressa do presidente da CMC em anunciar a gratuitidade no transporte, sem que tenha preparado todo o trabalho de retaguarda, senão vejamos:

  • O anúncio da entrada em vigor do novo modelo tarifário a 1 de Janeiro deste ano foi feito na véspera, dia 31 de Dezembro;
  • Dois dias depois é que houve a informação que era necessário adquirir um cartão com o custo de 7€ e que tinha que haver uma inscrição numa plataforma “online”;
  • Pelo que se verificou, a plataforma não estava preparada para receber o elevado número de inscrições, como se houvesse a ideia que haveria pouca adesão dos utentes;
  • Passadas semanas, não há resposta relativamente às inscrições feitas na referida plataforma, sem a qual não poderá haver aquisição do referido cartão;
  • Tanto assim é que acabaram por dilatar o prazo em mais dois meses e vamos ver se é suficiente;

Quanto à SCOTTURB, continua a funcionar com trabalhadores com baixos salários o que origina um recurso elevado ao trabalho extraordinário, com implicações na segurança e qualidade do transporte. Agora fez uma proposta de “aumento” de salários de 0,17€.

Em virtude disto verifica-se uma grande rotatividade de trabalhadores, que não se fixam na empresa. Isto tem um efeito negativo na qualidade do serviço prestado, porque a situação é de permanente formação.

O serviço é prestado, no essencial, pelo número de autocarros, que não respondem ao aumento da procura.

Como consequência temos uma maior irregularidade de horários, mais supressões ou atrasos, maior lotação nos veículos, autocarros a passarem e a deixarem pessoas nas paragens porque já vão lotados.

Gratuitidade no transporte não pode significar um serviço com falta de qualidade, menos seguro e menos cómodo.

A gratuitidade tem que ser vista como uma opção de incentivo da utilização do transporte público, como uma das medidas essenciais para o combate a problemas que hoje se colocam à sociedade, em particular os relativos às alterações climáticas.

Acrescente-se que a medida tomada pela CMC de gratuitidade do transporte, para além de ser isolado no contexto dos movimentos pendulares numa área metropolitana, que até pode gerar distorções entre cidadão e concelho, foi decidida no meio de uma batalha jurídica relativa ao concurso que foi ganho por uma empresa espanhola e com a exclusão da SCOTTURB, pelo que fica a pergunta: Que acontecerá caso o trabalho confirme a empresa espanhola como a vencedora do concurso?

 

José Manuel Oliveira