Gratuitidade afinal não é para todos

 

À medida que os tempos vão passando conclui-se que a decisão da gratuitidade dos transportes no concelho de Cascais, não estava preparada na rectaguarda e hoje, a partir de uma medida que considero positiva, estamos a verificar uma distorção entre cascalenses.

De um levantamento que me fizeram chegar há localidades que apenas são servidas por carreiras intermunicipais, em que os cascalenses não têm gratuitidade, mesmo que utilizem um percurso dentro do concelho, a saber: Bairro de Trajouce; Bairro de S. Miguel das Encostas; Bairro do Buzano; Bairro da Terplana; Outeiro de Polima; Biscaia/Almoinhas Velhas e nalgumas localidade aos fins de semana.

Houve pressa em anunciar a medida, sem se criarem antecipadamente todas as condições para que todos os cascalenses, que circulam em transporte público rodoviário dentro do concelho, tenham as mesmas condições, distorção que se vai acentuar quando, no futuro, houver gratuitidade para pessoas que moram noutros concelhos, pelo facto de trabalharem no concelho de Cascais.

A partir da lei que determinou que são os municípios as autoridades municipais de transportes, (lei que considero errada, porque as políticas de mobilidade têm que ser feitas de modo integrado), o que a Câmara de Cascais fez foi comprar um mau serviço que a SCOTTURB já prestava.

Serviço esse que se tem degradado com mais irregularidades de horários, supressão de carreiras, autocarros lotados, desdobramentos que não aparecem, ou que são feitos por mini autocarros, estudantes que perdem aulas devido à irregularidade na prestação de serviço e a pergunta que se faz: Está a CMC a fazer qualquer fiscalização destas situações e a aplicar as devidas penalizações pelo incumprimento do serviço contratualizado?

 Com o actual contracto a CMC paga à SCOTTURB cerca de 12 milhões de euros por ano, sem que a empresa corra qualquer risco de operação. Esta verba é uma parte significativa daquilo que esta empresa, de capitais brasileiros, tinha pela exploração do serviço rodoviário de passageiros nos concelhos de Oeiras, Sintra e Cascais.

Constatamos igualmente que continua com muito atraso a resposta aos pedidos dos utentes para aquisição do cartão Viver Cascais. Pedidos formulados há quase dois meses não obtiveram resposta, ou a resposta é de que estão a analisar o pedido. Será que vai haver novo prolongamento da situação actual para além do mês de Março?

Cascais precisa de uma rede de transportes rodoviários que responda às necessidades das populações, que chegue a todas as localidades e que garanta igualdade de tratamento entre cidadãos dos concelhos.

Precisamos de medidas concretas que visem essencialmente o interesse dos cidadãos e menos a imagem do senhor presidente da CMC.

 

José Manuel Oliveira