A mulher de César não basta ser honesta…

No confronto partidário não pode e não deve valer tudo.

Quero neste artigo abordar a alegada relação perversa entre a prestação de serviços de uma agência de comunicação à CMC e respectivas empresas municipais, e a suposta utilização de recursos públicos para uma assessoria de imprensa no âmbito de uma candidatura interna no PSD.

Quando o caso foi divulgado pela comunicação social e proliferado pelas redes sociais, à semelhança de tantos outros casos, cada um fez aquilo que sabe fazer melhor, percorrendo e assumindo um conjunto de papéis que vão desde a posição de investigador, a inquiridor, terminando na posição de juiz.

Muitos esperaram desde logo que o PS Cascais cavalgasse em jeito de oportunismo a crítica fútil.

Enquanto líder de um partido que está actualmente na oposição até admito que pudessem esperar de mim uma actuação diferente, que “esfrangalhasse” o tema, procurando retirar dividendos políticos de uma suposta actuação menos digna, mas esse não é o meu perfil.

Fazê-lo seria o caminho mais fácil, mas contudo o menos correcto, até porque qualquer prestação leviana de um qualquer actor político nos caracteriza e adjectiva a todos descredibilizando a nobreza da actividade política.

Não é o meu perfil, nem é o registo onde quero colocar a actuação do PS Cascais.

A actuação do PS Cascais tem que se consubstanciar na diferenciação do projecto político e nunca por via da crítica estéril, de demagogias ou populismos.

Por isso o PS Cascais fez o que tinha que ser feito relativamente a este tema. Na primeira reunião de câmara a seguir à peça jornalística questionámos o Sr. Presidente, não sobre uma qualquer candidatura partidária, que esse é um outro palco que não cabe àquele órgão fiscalizar, mas relativamente à relação contratual entre o município e a empresa em questão.

Para o garante da total transparência nesta relação, solicitámos que nos fosse apresentado um relatório de todas as contratações feitas, bem como a manifestação das respectivas evidências. Aguardamos que numa próxima reunião seja tornada pública toda esta informação.

Aproveito ainda para referir que o Miguel Pinto Luz, Vice-Presidente da CMC, embora não o tivesse que fazer, fez questão de se deslocar ao gabinete do PS, onde apresentou-me todas as contas da sua campanha partidária, bem como as cartas que dirigiu quer ao jornalista que fez a peça em questão, quer ao Ministério Público.

Independentemente do caso em concreto, todos os intervenientes políticos com responsabilidades governativas ou em oposição têm a obrigação de ter uma conduta impoluta, transparente e permanentemente disponível para a clarificação da sua actuação. Assim como caberá ao respectivo poder judicial averiguar e esclarecer todas e quaisquer situações que se enquadrem no seu âmbito de actuação.

Estou certo que só assim poderemos assegurar a dignificação da actividade política e de todos os seus intervenientes.

Por isso a afirmação do Imperador romano Júlio César “A mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta” contínua mais que nunca actual.